quinta-feira, 5 de março de 2015

Desigualdade Social x Criminalidade

Fotografia Social




A questão em torno do aumento da criminalidade parece não estar ligado apenas a ideia de certeza da impunidade. Basta darmos uma olhada em praticamente todas as estatísticas que versam sobre o tema, para percebermos que da mesma forma, não é esse fenômeno uma característica apenas de países pobres ou ricos. Algo além e mais contundente parece estar por trás dessa questão.

Um grande exemplo disso é Gana, país notoriamente pobre, economicamente falando, e com uma taxa de homicídio dez vezes menor, por 100 mil habitantes, que a do Brasil. Logo, não é a pobreza a mola propulsora da criminalidade e sim a disparidade social entre ricos e pobres em um mesmo lugar. Pelo menos é esse o motivo, segundo especialistas em segurança pública de vários países, pelo qual a sociedade brasileira tem a maior média de homicídios do mundo, entre os países que não estão em guerra ou sofrendo com guerrilhas.

Dados do ISP - Instituto de Segurança Pública mostraram que os índices de homicídios no Rio continuaram a subir nos meses de fevereiro e março de 2014, Em janeiro, ocorreram 482 homicídios, contra 389 no mesmo período de 2013, registrando uma aumento de 23,9%. Em março, foram 508 assassinatos, provocando mais um aumento de 23,66%, ou seja, 97 mortos a mais do que no mesmo período de 2013.

Também subiram os casos de autos de resistência (morte em confronto com a polícia). Foram registrados em março 47 mortes, contra 38 no mesmo período do ano passado. Em fevereiro houve registro de 57 casos, quase o dobro (29) no mesmo período de 2013.

Já os crimes contra o patrimônio também registraram forte aumento em comparação com o ano anterior. Os roubos a transeuntes subiram 46,6%, passando de 4.792 casos para 7.024 em março passado. Os casos de roubo a veículos aumentaram 31,3%, totalizando 2.963 ocorrências em março de 2013, 707 a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

Os roubos de aparelho celular subiram 51,9%, saltando de 366 para 556 ocorrências. Os roubos de carga também tiveram aumento impactante: 54,2%, totalizando 404 casos, contra 262 no ano anterior. Já o índice do roubo ao comércio cresceu 45,1%. Foram 775 assaltos a estabelecimentos comerciais, 241 a mais em relação ao mesmo período de 2013.

A desigualdade social é uma das poucas causas da criminalidade que podem ser quantificadas. Estudo realizado pela Folha, com alguns países que possuem estatísticas sobre homicídios, demonstra que, quanto maior a desigualdade social, maior a violência.

Também é verdade que, fatores como racismo, alcoolismo, drogas, facilidade de comprar armas e o baixo índice de escolaridade também pesam e agravam o problema. Mas o fato é que as cidades mais violentas do planeta têm como característica comum a desigualdade acentuada entre ricos e pobres.

As estatísticas também mostram que a criminalidade deve ser encarada por meio de uma série de políticas públicas e não apenas através da repressão criminal. O estado do Rio parece nunca ter investido tanto em segurança pública, no entanto a violência continua crescendo.

A política criminal deve ser usada como meio de prevenção e repressão e não como solução isolada para o combate a criminalidade. Enquanto estivermos convivendo lado a lado, em um mesmo espaço físico, a riqueza e a ostentação com a miséria e a falta de preocupação com a dignidade humana dos menos favorecidos, possivelmente continuaremos a reforçar as estatísticas.


Fontes:
http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-relacao-entre-desigualdade-e-criminalidade

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