Fotografia Social
A questão em torno do aumento da
criminalidade parece não estar ligado apenas a ideia de certeza da
impunidade. Basta darmos uma olhada em praticamente todas as
estatísticas que versam sobre o tema, para percebermos que da mesma
forma, não é esse fenômeno uma característica apenas de países
pobres ou ricos. Algo além e mais contundente parece estar por trás
dessa questão.
Um grande exemplo disso é Gana, país
notoriamente pobre, economicamente falando, e com uma taxa de
homicídio dez vezes menor, por 100 mil habitantes, que a do Brasil. Logo, não é a pobreza a mola propulsora da criminalidade e sim a
disparidade social entre ricos e pobres em um mesmo lugar. Pelo menos
é esse o motivo, segundo especialistas em segurança pública de
vários países, pelo qual a sociedade brasileira tem a maior média
de homicídios do mundo, entre os países que não estão em guerra
ou sofrendo com guerrilhas.
Dados do ISP - Instituto de Segurança
Pública mostraram que os índices de homicídios no Rio continuaram
a subir nos meses de fevereiro e março de 2014, Em janeiro,
ocorreram 482 homicídios, contra 389 no mesmo período de 2013,
registrando uma aumento de 23,9%. Em março, foram 508 assassinatos,
provocando mais um aumento de 23,66%, ou seja, 97 mortos a mais do
que no mesmo período de 2013.
Também
subiram os casos de autos de resistência (morte em confronto com a
polícia). Foram registrados em março 47 mortes, contra 38 no mesmo
período do ano passado. Em fevereiro houve registro de 57 casos,
quase o dobro (29) no mesmo período de 2013.
Já
os crimes contra o patrimônio também registraram forte aumento em
comparação com o ano anterior. Os roubos a transeuntes subiram
46,6%, passando de 4.792 casos para 7.024 em março passado. Os casos
de roubo a veículos aumentaram 31,3%, totalizando 2.963 ocorrências
em março de 2013, 707 a mais em relação ao mesmo período do ano
passado.
Os
roubos de aparelho celular subiram 51,9%, saltando de 366 para 556
ocorrências. Os roubos de carga também tiveram aumento impactante:
54,2%, totalizando 404 casos, contra 262 no ano anterior. Já o
índice do roubo ao comércio cresceu 45,1%. Foram 775 assaltos a
estabelecimentos comerciais, 241 a mais em relação ao mesmo período
de 2013.
A
desigualdade social é uma das poucas causas da criminalidade que
podem ser quantificadas. Estudo realizado pela Folha, com alguns
países que possuem estatísticas sobre homicídios, demonstra que,
quanto maior a desigualdade social, maior a violência.
Também
é verdade que, fatores como racismo, alcoolismo, drogas, facilidade
de comprar armas e o baixo índice de escolaridade também pesam e
agravam o problema. Mas o fato é que as cidades mais violentas do
planeta têm como característica comum a desigualdade acentuada
entre ricos e pobres.
As
estatísticas também mostram que a criminalidade deve ser encarada
por meio de uma série de políticas públicas e não apenas através
da repressão criminal. O estado do Rio parece nunca ter investido
tanto em segurança pública, no entanto a violência continua
crescendo.
A
política criminal deve ser usada como meio de prevenção e
repressão e não como solução isolada para o combate a
criminalidade. Enquanto estivermos convivendo lado a lado, em um
mesmo espaço físico, a riqueza e a ostentação com a miséria e a
falta de preocupação com a dignidade humana dos menos favorecidos,
possivelmente continuaremos a reforçar as estatísticas.
Fontes:
http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-relacao-entre-desigualdade-e-criminalidade
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