É
inegável o avanço que ocorreu com os meios de comunicação desde
as duas últimas décadas. A velocidade de propagação da informação
atingiu um nível jamais visto. A internet e os dispositivos
eletrônicos como celulares transformaram qualquer cidadão de
hoje em um "repórter" em potencial. As redes sociais
são o canal aberto e direto entre qualquer cidadão e o mundo. Logo,
não há mais controle para informação, uma vez na internet -
jamais será privado novamente. E todas essas ferramentas
também se transformam em uma arma na mão do cidadão de bem, como
por exemplo quando o mesmo flagra e registra qualquer arbitrariedade.
Até porque a liberdade de expressão é notoriamente um direito
constitucional, o problema surge quando parte da mídia/imprensa
oficial, que teoricamente teria de ser preparada para o cumprimento
de sua função social, a utiliza para manipular e formar a opinião
pública de forma distorcida, parcial e apelativa.
O
fato é que o povo carece de informação de qualidade e infelizmente
para agravar a situação, o mesmo não foi culturalmente preparado
para ir em busca da mesma. Sendo assim, aceita e assimila facilmente
tudo aquilo que lhe é vendido. Isso podemos perceber pela qualidade
das programações das tvs abertas, por exemplo. Caso o cidadão não
disponha de recursos para custear uma tv paga, estará condenado a
receber dentro da sua casa um festival de futilidades. Mas aí alguns
falarão: "tudo isso é uma questão de gosto!" No entanto,
quando uma sociedade ainda não se encontra amadurecida culturalmente
falando, seria justamente através desses meios de comunicação que
poderia ajudar a dar início a uma mudança cultural. Isso para não comentar o tom partidário adotado por algumas emissoras e rádios.
A
mídia também parece insistir em mostrar para o jovem que hoje os valores a
serem cultuados são outros e que aqueles que questionam é porque
são conservadores, independente de se analisar criticamente a
razoabilidade dos argumentos.
Imaginem
agora em um mesmo território: falta de investimentos eficazes em Educação;
carência de estrutura familiar; culto excessivo ao consumismo;
desigualdade de oportunidades; declínio da credibilidade da
população nos meios de controle sociais e instituições em geral;
sentimento de desamparo do povo por parte dos seus representantes,
escândalos sucessivos e progressivos de corrupção, economia
fragilizada e a tudo isso acrescentemos uma mídia fomentando o
consumo desnecessário e o estímulo a ridicularização de valores e
costumes antes tidos como importantes.
A
conscientização intelectual é justamente aquilo que separa um povo
esclarecido de um povo alienado.
Enquanto o beijo entre duas mulheres em uma novela for capaz de despertar mais interesse do que qualquer debate político, certamente estaremos condenados a continuar sendo referência maior no exterior em futebol, carnaval, turismo sexual, corrupção ...
Mas
com tudo isso, o povo ainda consegue sorrir. Então, como diria João
Ubaldo Ribeiro: “viva o povo brasileiro!”
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